A carne mirandesa é a grande protagonista do Meating, festival gastronómico que se estreia em setembro, em Miranda do Douro. Sabores autênticos, propostas inovadoras preparadas por vários chefs de cozinha a partir de produtos típicos e muita música são razões de peso para rumar ao nordeste transmontano
Localizada no extremo nordeste de Portugal, Miranda do Douro é uma cidade raiana de forte personalidade, orgulhosa da cultura peculiar, tradições e costumes que preserva sem mácula. Casa da segunda língua oficial portuguesa, o mirandês, da dança singular dos pauliteiros e local de preservação dos burros de Miranda, é também guardiã de receitas seculares elaboradas a partir dos ingredientes produzidos localmente, com destaque para a grande qualidade da carne.
Além da vaca mirandesa, também o Cordeiro de Raça Churra Galega Mirandesa DOP, o porco bísaro e o cabrito são típicos da região e por isso, serão protagonistas do novo festival gastronómico. O Meating estreia-se a 14 e 15 de setembro, com entrada livre, e promete dar a conhecer a qualidade das raças autóctones preparadas por vários chefs de cozinha de renome a trabalhar em Portugal, unindo tradição e inovação. Adiciona a esta receita um ingrediente essencial: a música portuguesa que anima o evento.
Óscar Geadas, do G Pousada, em Bragança; Diogo Rocha, do Mesa de Lemos, em Viseu, Michele Marques do restaurante Casa do Gadanha, em Estremoz e Marcelo Dias, do restaurante O Mirandês são os quatro chefs que apontam abordagens inovadoras zos produtos endógenos que será possível provar durante o Meating.
Doce castanha
Óscar Geadas proprietário do restaurante G Pousada, em Bragança, premiado com Garfo de Ouro no Guia Boa Cama Boa Mesa 2024 e galardoado com uma Estrela Michelin, escolheu a carne da raça suína bísara. Diogo Rocha, chef do Mesa de Lemos, em Viseu, que é o único restaurante com estrela Michelin na região Centro, optou por trabalhar a carne de vaca mirandesa. Michele Marques brasileira a viver em Portugal desde 2005 e à frente do restaurante Casa do Gadanha, em Estremoz, prepara cabrito serrano. Marcelo Dias, natural de Miranda do Douro onde trabalha no restaurante O Mirandês, promete surpreender com uma proposta baseada na raça churra galega mirandesa – o chamado cordeiro mirandês.
O momento mais doce está nas mãos de Eurico Castro, chef pasteleiro e proprietário da Sweet Gourmet e d’A Confeitaria, em Mirandela, e embaixador da castanha transmontana, produto a partir da qual preparará uma sobremesa.
Encontro de gerações
Rica em tradições e saberes ancestrais, Miranda do Douro será, durantes estes dias, também local de fusão cultural em torno da música. Da agenda do festival constam concertos colaborativos com quatro artistas nacionais de diferentes estilos estão previamente em residência artística com quatro grupos de música tradicional para, juntos, criarem momentos musicais únicos que apresentarão em concerto durante o Meating: Cabrita com Galandum Galundaina; Surma com Trasga; Bandua com Músicas da Raya e Lavoisier com Çarandas. Já Quadra, Bardino, Meta e Grand Sun fazem parte do grupo dos concertos emergentes. E, para acabar a noite em festa o DJ Abel (do mítico Batô, em Matosinhos) terá a missão de pôr todos a dançar.
Durante a iniciativa há atividades e animação de rua destinadas a toda a família: Jogos do Hélder, Animadixie, L Mardomo Que Sirbe Bersos e Musko marcam presença a par de um mercado criativo que promete testar a imaginação dos 8 aos 80.
O Meating acontece a 14 e 15 de setembro nas Ruínas do Paço Episcopal de Miranda do Douro, das 12h00 às 2h00, com entrada livre.
Em Miranda seja mirandês.Terra de cultura ímpar, conheça os rituais populares e cumpra as tradições locais.
Terra hospitaleira
Vale a pena explorar a pé os muitos recantos do centro histórico de Miranda. Da Praça D. João III onde duas estátuas representam um casal mirandês, ao Museu da Terra de Miranda, passando pela Sé Catedral, admire as ruas e ruelas caraterísticas desta secular região.
Castelo de Miranda
Edificado em 1286, sofre, em 1762, uma violenta explosão quando se tentava resistir à entrada das tropas espanholas. Nunca mais foi reconstruído e, por isso, permanece com uma imagem inacabada.
Rio Fresno
Ainda no perímetro urbano encontra um circuito circular de 4 quilómetros em torno do castelo. Percorra as margens ribeirinhas no Parque Urbano do Rio Fresno, com passagem pela Ponte e a Fonte dos Canos e por antigas azenhas. Prossiga caminho se quiser espreitar ainda o Aqueduto do Vilarinho.
Dançar com os pauliteiros
Os grupos são compostos por oito elementos que batem com paus uns nos outros numa espécie de “dança de guerra”, ao som de bombos e gaitas-de-foles. Os trajes incluem chapéu, saia lenços, meias altas em lã e botas.
Aprender Mirandês
Buonos dies (Bom dia)!. Língua oficial portuguesa desde 1999, ouve-se em Miranda e por diversas aldeias da região, estendendo-se até ao concelho vizinho de Vimioso. Falado no nordeste transmontano, o Mirandês tem origem no latim, tal como o português. A melhor forma de aprender é conversando com os locais. Oubrigado!
Andar de burro
Na aldeia de Atenor vive o Centro de Valorização do Burro de Miranda que contribui para a preservação desta raça asinina, diversas atividades e promove passeios. Marque com antecedência (tel. 273 739307).
Embarcar num cruzeiro ambiental
Respeitar o Douro e a natureza envolvente através de uma viagem ecológica, não poluente, é a proposta da Europarques. Os guias a bordo são biólogos que explicam os detalhes da visita, os barcos não poluem o ambiente, e o percurso estimula os visitantes a sentirem os cheiros, os sons e as cores da região. O embarque faz-se na Estação Biológica Internacional, a cerca de 2 km de Miranda do Douro Reserve a viagem de uma ou duas horas – esta última permite avistar a Passagem dos Contrabandistas – no site da Europarques.
Onde dormir
Diversos turismos rurais revelam de que se faz a hospitalidade das gentes de Miranda.
Entregue-se aos sons compassados da natureza nestes alojamentos de aldeia. Em Aldeia Nova, a Casa dos Edras tem seis quartos inseridos num típico casario raiano. Na Casa de Belharino, em Miranda, há oito quartos decorados com objetos que refletem as tradições locais.